Andreas Scholl é um dos grandes contratenores do nosso tempo. No domingo,juntou-seao Divino Sospi- ro para um concerto t’inico em Lis- boa. Tratava-se de um programa extremamente bem pensado, dedi— cado a composi9oes relacionadas com oculto deMaria, e integralmen— te preenchido por obras de compo- sitores italianos de inicios do século |
O Divino Sospiro tern-se destaca- do, nos seus já 15 anos de existéncia, como uma das mais interessantes orquestras de câmara barrocas e certamente um dos projectos mais estimulantes no campo da música antiga em Portugal, com um reconhecimento que passa fronteiras. E percebe-se porqué: neste concerto tão coerente e bem arquitectado, ouviu-se uma orquestra com uma qualidade de interpretação excepcional, com uma direção rigorosa mas sem perder a inventividade e a capacidade de des coberta de novos traços nas composições de Nicola Porpora, Angelo Ragazzi, Pasquale Anfossi, Leonardo Vinci eo mais famoso de todos eles, Antonio Vivaldi.
Na segunda parte do concerto eIe deu os voos mais do que esperados para outra dimensão. E aí o enlevo da mitisica barroca, tocada com uma certeirissima intenção pelo Divino Sospiro, levou a sala silenciosa e imovel para uma verdadeira comoção, resultado de uma escuta devota e, queremos crer, atenta. A orquestra Divino Sospiro esmerou-se em cada detalhe, em cada respiração, num trabalho muito cuidado de articulação e dinámica. Com um baixo continuo alargado, com cravo, orgao, fagote, contrabaixo e dois violoncelos, e um conjunto de violinos e violetas magnifico, encantou na Sinfonia de Vinci (da oratoria Maria Dolorata) e com o violoncelo barroco da espantosa Rebeca Ferri a acompanhar Scholl no belissimo Chi mi priega chi m’ama (“Quem me implora, quem me ama”) do mesmo Leonardo Vinci.
Faltavam dois momentos altos da noite: o Concerto em dois coms para a Santissima Assunp0o de Maria Virgem, de Vivaldi, com o virtuosismo do violinista Stefano Barneschi. E, depois, o Stabat Mater de Vivaldi, com Scholl em grande estilo cantando o que tão bem conhece e oDivino Sospiro... divinal. Ai sim, a devoção á superstar tornouse comoção vivaldianae mariana. Um momento assim já não pode ser trocado por um CD que se tira da estante, porque a presença colectiva na sala de concerto, apesar de parecer coisa bem antiga, ainda provoca, acreditese ou não, encanto, emoção e enlevo. E, culpas para Vivaldi, uma pontinha de irresistível melancolia.
in Jornal Público, Pedro Bóleo - 3 de Dezembro 2019
Durante dez dias, 10 mil turistas musicais e 600 artistas acorreram a Marvão como se a vila alentejana fosse um local de peregrinação (…) Num cenário paradisíaco, o evento descentralizador instalou-se com firmeza no mercado de festivais portugueses, conseguindo criar um público fiel para as apostas em valores seguros (…) o festival de Marvão transformou a região numa residência de verão para a música, um ritual que, desta feita, contou com a participação de sete orquestras, a Orquestra Sinfónica Portuguesa, a Sinfónica Jovem de Macau, a Banda Sinfónica Portuguesa do Porto, a Orquestra de Câmara de Israel, a Orquestra de Câmara de Colónia, o Divino Sospiro e a Orquestra do Festival de Marvão.
Merecem destaque especial a “Appassionata” executada por Pinto-Ribeiro (dia 23) e o concerto dirigido por Massimo Mazzeo (23) sob o título “Harmonia Ibérica da Paixão” com a revelação de peças de música sacra setecentista, o “Stabat Mater” de José Joaquim dos Santos e “Siete Palabras de Cristo en la Cruz” de García Fajer, com um trio de solistas em estado de graça, Bárbara Barradas (soprano), André Baleiro (barítono) e Lucia Napoli (meio-soprano).
in Jornal Expresso, Ana Rocha - Agosto 2019
(…) Em 1779, João de Sousa Carvalho compôs uma Serenata, Perseu, para comemorar, em Queluz, o dia do seu aniversário. Foi esta serenata que teve agora a sua estreia moderna no mesmo local, a partir de uma edição especialmente preparada para o efeito por Iskrena Yordanova.
(…) A interpretação do Divino Sospiro, sob a direcção certeira de Vanni Moretto, foi plena de vitalidade e de clareza (…) A escolha dos solistas foi extremamente feliz: Alena Dantcheva (Perseu) é um espanto, na densidade da presença vocal como na precisão e facilidade técnicas; Bárbara Barradas (Andrómeda) fez um papel esplendoroso, para mais num registo mais grave do que lhe é confortável. O dueto que envolveu ambas, Ah quel pianto, foi de um entendimento musical inigualável. Excelentes prestações tiveram também André Lacerda (Fineu), com destaque para a ária D'un alma gelosa, e Lucia Martín-Cartón (Cassiopeia), que juntou a ligeireza da coloratura à intenção dramática. Mesmo o papel mais modesto de Francesca Boncompagni (Mercúrio) foi desempenhado com inteira competência. O público soube reconhecer, aplaudindo de pé, a enorme qualidade quer da música, quer da sua prestação interpretativa. Mas o património musical é sempre o último a ser considerado nas prioridades de investimento e divulgação das nossas fracas instituições culturais. Para quando a desejável encenação e gravação desta Serenata?
in Jornal Público/ipsilon, Manuel Pedro Ferreira - 2 de Novembro 2018
Starting from the beginning of the disc we note at once that Divino Sospiro is an excellent ensemble, twenty players, young most of them according to the photo in the booklet. They look enthusiastic and the playing is springy and fresh in the orchestral introduction to the first aria – something that is confirmed in the overture from Demetrio
in MusicWeb International - Novembro 2018
...Massimo Mazzeo levou até Malta uma interpretação intensamente expressiva e dramática da oratória de Caldara “Madalena aos pés de Cristo”, num momento de apoteose artística atingida pelos instrumentistas portugueses e italianos do Divino Sospiro, a orquestra que ele fundou há 15 anos.
A voz preciosa de uma intérprete refinadíssima, a de Gemma Bertagnolli (soprano) no papel de Madalena e o virtuosismo de um outro intérprete excecional, Filippo Mineccia (contratenor), foram expoentes máximos num concerto em que também foram muito aplaudidas as atuações de Silvia Frigato (soprano) e Rosa Bove (mezzo-soprano). Quanto à interpretação dos dois cantores portugueses convidados, André Lacerda (tenor) e Hugo Oliveira (baixo), merecem destaque a elegância natural e a expressividade do primeiro, tal como a convicção e consistência vocal do segundo. Com vivacidade e brio, a direção de Mazzeo salientou o pathos e o conteúdo transbordante de vida desta obra-prima de Caldara.
In Jornal Expresso, Ana Rocha
FELICIDADE INESPERADA NA ILHA DESABITADA
"A estreia encenada de L'Isola Disabitata, de Davide Perez, motivou uma produção (encenação de Carlos Pimenta) cujo principal atrativo visual era o video-mapping (de João Pedro Fonseca) em fundo de palco, aliado a elaborado trabalho cromático e de desenho de luz (Rui Monteiro). A cena era despojada: um terreiro com areia, um rochedo do lado esquerdo. Os quatro solistas vestiam, eles, um urbano fato cinza/antracite; elas, vestido longo, rodado e acinturado (de José António Tenente). O libreto de Metastasio é garante de qualidade teatral e imagética, mas se a segunda foi vertida por orquestra e cena, já a teatral ficou aquém das possibilidades - mesmo preservando a distância ao realista/naturalista! Algo a ter em atenção em futuras apresentações. Vocalmente, estivemos bem servidos (cada cantor tem duas árias): Joana Seara (Costanza) brilhou mais na 2.ª (a 1.ª explora uma tessitura mais ingrata), Bruno Almeida (Gernando) pelo contrário esteve melhor na 1.ª (não controlou tão bem a emissão e a expressão na 2.ª), Eduarda Melo apanhou por completo o (de difícil vocalidade) papel de Enrico, e a Francesca Aspromonte assentou "como uma luva" a vocalidade e potencial teatral de Silvia. No fosso, uns Divino Sospiro em excelente forma por toda a récita (de sábado), dirigidos de forma enérgica, convicta e clara por Massimo Mazzeo. Transpareceu um intenso trabalho ao nível da textura orquestral (equilíbrios relativos, realce tímbrico, definição de fraseios, justeza das articulações) adequada a cada ária, e os recitativos foram esplendidamente liderados pelo cravista Riccardo Doni e, por vezes, pelo violoncelo solo, com intenso efeito poético.Futuros regressos à partitura farão, cremos, que se aprofunde os efeitos de contraste na orquestra, salvaguardando embora sempre o equilíbrio com as vozes"
In Diário de Notícias, Bernardo Mariano - Novembro 2016
“(…) ANTIGONO foi talhada à medida do elenco galáctico então disponível na Ópera do Tejo, pelo que a escrita vocal é de um virtuosismo estonteante – nada que intimide os cantores deste CD que ainda sobem a parada ao adicionar audaciosa ornamentação. Michael Spyres, Geraldine McGreevy, Pamela Lucciarini, Ana Quintas e Maria Hinojosa Montenegro são superlativos (…) - que este desempenho seja logrado num registo ao vivo e nas récitas de estreia torna o feito duplamente admirável. (…) De resto, Antigono é um triunfo e a ária “Guerrier Che I Colpi Affreta” entra para a galeria dos momentos mais electrizantes da história da ópera” |
ANTIGONO RECEBE CINCO DIAPASON NA CRÍTICA DE JEAN-FRANÇOIS LATTARICO NA EDIÇÃO DE MARÇO DA REVISTA DIAPASON |
"La excelente orquesta Divino Sospiro está dirigida por Enrico Onofri y reforzada por algunos de los mejores intérpretes historicistas transalpinos, entre ellos la siempre convincente soprano Gemma Bertagnoli. Lo mejor del registro es, en mi opinión, la preciosa Sinfonía en Fa mayor de Avondano padre, deliciosamente vivaldiana. Un disco soberbio"
In Diverdi.com, Eduardo Torrico - Fevereiro 2012
"O Festival de Ambronay, em França, deixou-se seduzir no fim-de-semana passado pela carismática actuação do Divino Sospiro e da soprano Ana Quintans (...) o público (...) parecia não se cansar de aplaudir a orquestra barroca Divino Sospiro. Entretanto o grupo amadureceu e ampliou o seu repertório e também um percurso internacional que tem sido feito passo a passo, assente sobretudo no mérito das suas actuações ao vivo e num trabalho aberto a colaborações criteriosas a nível nacional e internacional (...) uma interpretação de grande vivacidade, precisão rítmica e agilidade (...) impressionou pela extensa paleta dinâmica e de colorido e pela desenvoltura das improvisações (...) No final, a prestação incandescente.... desencadeou o já referido entusiasmo do público. (...) .o director do festival, Alain Brunet, elogiou a actuação do Divino Sospiro, que classificou de formidável e magnífica" |
"Puis, hélas, le week-end s’achevait, mais en beauté. Divino Sospiro est un jeune ensemble portugais porté par la direction d’Enrico Onofri (...) fureurs des tempos rapides,... accents obsédants d’une basse survitaminée, .... lumière crue d’archets aiguisés aux phrasés mordants. Avec quelque chose en propre, cependant : une élégance dans cette furia, une finesse et légèreté de pâte, des angles moins abrupts. La discipline, en tout cas, est impeccable même au plus fort des bourrasques les plus agitées, même si l’on pouvait rêver continuo plus varié" |
"Produção em estreia mundial moderna do Antígono de A.Mazzoni no CCB foi um sucesso artístico exemplar a todos os níveis. (...) Para lá dos méritos que revelou a obra possuir e dos encómios que merecem intérpretes e equipa técnica e artística envolvida, pode [a opéra] bem constituir-se como um case study no âmbito doméstico, de tal modo exemplifica a máxima "com pouco fazer muito". (...) Depois, ao nível artístico, há quanto tempo não se assistia a uma ópera por estas bandas com um elenco, por um lado, tão nivelado por cima e, por outro, denotando "dedo" na adequação das vozes a cada personagem. Isto é, houve ali uma verdadeira direcção artística. E isso é meio caminho andado para o sucesso... No fosso, a orquestra Divino Sospiro (formação alargada) teve a nosso ver uma das actuações da sua vida. Dá orgulho saber em Portugal (e, lá fora, sabê-los de Portugal...) uma orquestra que trata a música antiga ao nível com que o Remix Ensemble trata a contemporânea. Na direcção, Enrico Onofri foi enfático e infalível no gesto. E empenhado e incansável na expressão, revelando, além do mais, enorme resistência física. (...) Por tudo isto, Antígono merece a sua segunda vida" |
"(...) A megaprodução do CCB é a estreia moderna mundial desta ópera que desapareceu com o terramoto de 1775. "Antígono" estava em cena quando o maior sismo sentido até hoje em terrras lusas destruiu Lisboa. O espectáculo será gravado pela Antena 2, para que não se perca novamente. Massimo Mazzeo revela que está a trabalhar neste projecto há dois anos e meio e o desafio foi feito por Nicholas Mcnair. O crítico propôs ao CCB esta viagem ao passado. (...) Renascida das cinzas, uma ópera que não é tocada há 255 anos vai ser acolhida pelo barroco do século XXI: o digital. Com figurinos de José António Tenente, a encenação de Carlos Pimenta também vai fazer a diferença" |
"(...) the highlight was the orchestra Divino Sospiro, their sound was extremely brilliant, it was fantastic!" "Em Maio deste ano, fiquei com a impressão de que há de facto coisas boas a acontecerem no domínio da Música Antiga em Portugal. |
"(...) Não era esse o objectivo da Orquestra Divino Sospiro, que se abalançou a exigentes, mas conhecidas, partituras de Telemann, Vivaldi, J. S. Bach e Haendel. Sob a direcção do italiano Enrico Onofri, que também se apresentou como solista em violino, mostrou-se ao mais alto nível técnico e interpretativo. Onofri explorou, com grande vivacidade e imaginação, e com total adesão dos músicos, dinâmicas fortemente contrastadas e articulações explosivas, sem deixar nenhuma frase por esculpir. Como solista no Concerto "Grosso Mogul", de Vivaldi, mostrou-se virtuosístico e inspirado; as raras imperfeições foram redimidas por uma impressionante "cadenza" final. Excelente esteve também Pedro Castro, como solista no Concerto para oboé "d'amore", de Bach. Todos os membros do Divino Sospiro se mostraram à altura do desafio: soar como os melhores. Tal como o público, verdadeiramente entusiasmado, ficámos a suspirar por mais" |
21-04-2012 05-01-2012 22-01-2011 |
17-04-2012 04-01-2012 03-01-2012 19-12-2011 |